Capítulo 2 - Estrutura de mercado, padrão de concorrência, inovação e diferenciação |
Fonte: Marcos Milani Cardoso
Imagem de Topo: Época Negócios
Edição: Ignacio Montanha
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Data: 13 de Agosto de 2010 |
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2. Estrutura de mercado, padrão de concorrência, inovação e diferenciação
Caracterizando-se fundamentalmente pela concorrência de umas poucas empresas que fabricam produtos similares, o setor automotivo brasileiro (tal como em outros mercados) mais se assemelha à estrutura de mercado oligopolista, em que doze marcas (Volkswagen, General Motors, Fiat, Ford, Renault, Peugeot, Citroën, Nissan, Honda, Toyota, Mitsubishi e Hyundai, das quais as quatro primeiras detêm historicamente mais de 75% do market share) dominam o mercado a partir de produtos que, mesmo tendo sensíveis variações, enquadram-se em categorias muito próximas (nichos de mercado contendo produtos substituíveis).
Gráfico 1: Market share das montadoras brasileiras (2009 - veículos de passeios e comerciais leves)
Fonte: Adaptado de dados da Anfavea
Trata-se de um oligopólio com produtos bastante diferenciados (em termos de estilo, opcionais, opções de motorização e mesmo características indiretas como custo, cobertura e qualidade dos serviços de manutenção no pós venda) mas claramente caracterizados segundo configurações que remetam a categorias bem definidas (compactos e os produtos destes derivados – peruas, pick-ups, sedãs - hatches médios, sedãs médios, sedãs de luxo, pick-ups médias, etc.) que guardam grande semelhança sendo substitutos diretos.
Ademais, dentro de cada categoria há ainda segmentações. Por exemplo, dentro do mercado de compactos (hatches pequenos), cada marca apresenta desde modelos de entrada bastante simples (com um mínimo de itens de série e acabamento básico e barato) por um preço muito semelhante entre veículos desta categoria de diferentes marcas (são exemplos contemporâneos: Fiat Mille, versões básicas do Volkswagen Gol, Chevrolet Celta, Ford Ka e Renault Clio). Ainda na mesma categoria encontram-se hatches igualmente pequenos mas já caracterizados como compactos premium (Chevrolet Corsa, Ford Fiesta, Volkswagen Fox e Polo, Fiat Punto), dotados de mais opcionais, segurança e conforto, além de um acabamento mais primoroso, tecnologia, opções de motor e, o que constitui um dos fatores bastante importantes na escolha, o status conferido por uma categoria superior.
Assim, ainda que existam alguns consumidores tradicionalistas fiéis a dada marca, no funcionamento geral a grande elasticidade preço do mercado automobilístico dentro de cada subcategoria torna ainda mais acirrada a concorrência e a busca por diferenciações que venham a atrair o consumidor. Assim, a competição ocorre mais pela constante inovação (sobretudo pela busca de um design diferenciado com o lançamento de novos modelos e renovação do portfólio, ofertas por mais itens de série, desenvolvimento de motores mais potentes e econômicos) do que por uma arriscada e deletéria guerra de preços.
Um reflexo natural desta concorrência por inovação é o menor ciclo de vida dos produtos, perdurando atualmente um modelo por aproximadamente cinco anos, sofrendo no meio de sua vida útil, um face lift (pequena alteração no desenho do veículo, sem, contudo, configurar o lançamento de uma nova geração) tanto para combater a concorrência como para estimular a compra de veículos novos em substituição ao “modelo antigo” (obsolescência programada).