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Miura: os fora-de-série mais sofisticados do Brasil

Autor: Fernando Garcia

Data: 08 de Agosto de 2007


Várias empresas especializadas na fabricação de carros especiais se fundaram aqui com sucesso, mas nenhuma tinha o luxo dos Miura que chegou custar quase o preço de um importado

 

Numa época em que só podíamos ver Porsche, Ferrari, Corvette e outras lendas do automobilismo somente através de fotos de revistas especializadas ou filmes, devido a alta taxa de importação restringindo a presença deles em solo brasileiro, surgem os nacionais fora-de-série. É lógico que nossos “superesportivos” não tinham o pedigree dos importados, mas em contrapartida suas peças eram nacionais, sendo que a maioria deles utilizava motores e chassi VW.

Um ícone desta febre dos esportivos nacionais foi a empresa gaúcha Besson & Gobbi Ltda, especializada na montagem semi-artesanal dos saudosos Miura nos fins da década de 70 a 90 . O projeto do Miura foi idealizado em 1975 pelos empresários Aldo Besson e Itelmar Gobbi que cuidavam da “Aldo Auto Capas” – loja de estofamentos e distribuidor de acessórios automotivos em Porto Alegre , RS. No ano seguinte o primeiro Miura modelo 1977 era apresentado no Salão do Automóvel.

 

Esta versão, um hatchback esportivo feito sobre plataforma VW, assim como motor e as peças, compreendia um estilo agressivo, baseado no italiano Lamborghini Urraco . Um dos pontos negativos do Miura 1977 era seu desempenho . Para sair de 0 e chegar a 100 Km/h , o coupé de 900 Kg demorava exaustivos 23 segundos.

Porém existiam as versões a álcool, mais potentes, mas mesmo assim o resultado não era satisfatório, considerando os materiais como a fibra de vidro empregada em sua carroceria que deixavam o esportivo mais leve. Todo o peso extra nesta versão era considerado em razão da eletrônica e tecnologia de ponta como acessórios elétricos como o comando dos vidros e regulagem de altura do volante e até pedais, recurso raro até para os dias de hoje. Além disso, o Miura também contava com bancos e painel revestidos de couro.

Devido ao enorme sucesso do Miura, a pequena fábrica que empregava 60 funcionários expandia seu terreno para 4.000 m² contratando mais empregados. Com a produção de 25 carros por mês, a Besson & Gobbi Ltda aumentava conforme era maior a encomenda. Tamanha era a procura por estes veículos que foi necessário montar revendedoras autorizadas como a Zevir que funcionava no bairro Alto da Lapa. Em 1980 foram vendidas 600 unidades do modelo, sendo que algumas destas foram exportadas para o mercosul.

Mais tarde, o Miura recebe o motor 1.600 refrigerado a água do Passat TS posicionado no eixo traseiro. A nova série receberia a identificação MTS, em alusão ao modelo da Volkswagen.

 

Mas o maior sucesso estava por vir em 1982 com a chegada do Miura Targa, um semi-conversível inspirado no Porsche que utilizava o mesmo nome. A diferença ficava por conta de uma coluna central no teto do Miura. O Targa possuía o mesmo motor do Passat, só que agora instalado na frente para melhor aproveitamento de espaço e relação peso-potência. Entre as mudanças mecânicas estavam o inédito chassi tubular de fabricação própria, e novas suspensões, mais eficientes comparando as do modelo anterior.

 

No ano seguinte a fábrica lançou mais duas novidades. Entre elas, a versão especial do Targa batizada de série Ouro. A sua identidade era as entradas de ar maiores na dianteira, bancos de couro perfurados, além dos adereços dourados como denunciavam o nome. Depois foi a vez do Spider com capota de lona acionada manualmente. No spider a mesma mecânica utilizada no Targa era mantida até surgirem novos projetos de mecânica mais avançada.

 

- Saga

Em 1984 , o primeiro Miura de motor traseiro dava lugar ao Saga, um coupé 2+2 que utilizava motor 1.8 de 92 cv que equipava os VW Gol, Passat e Santana. Esta série trazia um bom porta-malas, em razão de suas dimensões de 4,53 metros de comprimento e 2,58 entre eixos. Dois anos mais tarde o Saga era equipado com requintes como TV no painel de instrumentos, bar refrigerado no banco traseiro, controle remoto de destravamento das portas, computador de bordo com sintetizador de voz com alerta para soltar o freio de estacionamento, abastecer ou colocar o cinto de segurança, entre outras peculiaridades como luzes de néon azuis envolvendo os pára-choques.

 

Em 1989 era a vez de chegar o X8. Baseado no Saga, o novo X8 recebia uma leve reestilização e motor 2.0 de 110 cv.

 

Um ano depois passaria chamar Top Sport, com linhas mais arredondadas, e foi em 1990 que os Miura começavam ficar ainda mais interessantes com a adoção da injeção eletrônica do Gol GTi, freios com sistema ABS e suspensões com regulagens de altura que era acionada pelo painel.

 

Mas com toda essa eletrônica acumulada ao longo de sua existência, neste mesmo ano o Miura deixava de ter produção em série com a abertura da importação no País. Porém, o esportivo podia ser encomendado através de produção independente até 1992, quando foi de vez descontinuado.

 

- Curiosidades

•  A origem do nome “Miura” vem de uma raça de touros que era muito aplaudida nas arenas espanholas onde eram disputados os torneios, principal esporte daquele País.

•  Segundo sites especializados, é possível que o nosso Miura tenha uma leve inspiração no Lamborghini Miura.

•  O fora de série Miura foi fabricado em série durante 14 anos, sendo que a partir de 1991 foram fabricadas algumas unidades sob encomenda.

•  No total foram fabricadas 12 versões diferenciadas do automóvel, com preços médios de US$ 40 mil cada um.

•  Em 1985 foi lançado no mercado o Miura Kabrio, um conversível para 4 pessoas que teve pouca produção. Este modelo é considerado por entusiastas da marca como verdadeira relíquia.

•  Em relação ao Santana o conjunto mecânico do fora-de-série Miura adicionava freios a disco traseiros, mas o motor 1,8 de 92 cv (álcool) era original. Um aumento de potência e torque significativo viria no Salão do Automóvel de 1988, quando era adotado o motor VW 2.0 de 110 cv (também a álcool).

•  O Miura foi o primeiro nacional a oferecer computador de bordo com sintetizador de voz, freios com sistema ABS, regulagem elétrica da suspensão, entre outras peculiaridades.

•  Nos anos de 1993 a 1995, a fábrica Besson & Gobbi Ltda de Porto Alegre produziu algumas pick-ups sobre plataformas Ford e GM.

•  Os faróis escamoteáveis foram a principal marca registrada dos Miura que teve sua produção industrial descontinuada nos anos 90, mas que jamais saiu da memória das pessoas de bom gosto que trafegam no mundo do automóvel.




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