1000 Quilômetros de Brasília |
Texto: Carlos Eduardo Marinho de Almeida
Fotos: Luis Gustavo Marti de Figueiredo / Dreike Chau / Juliano Bastos
Edição: Ignacio Montanha
Agradecimentos: Ponta Racing / Speed On Line
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Data: 01 de Julho de 2005 |
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Em 1960 Brasília se tornava a Capital Federal do Brasil, no ano seguinte em comemoração ao respectivo aniversário, ocorria a primeira edição dos 1000km de Brasília inicialmente disputado pelas ruas da cidade, como aconteciam em vários lugares do Brasil nesse período.
Sem esquecer o passado glorioso, atualmente, as provas agora são disputadas no Autódromo Internacional Nelson Piquet e o evento faz parte da programação oficial do Campeonato Brasileiro de Endurance.
A zebra andou solta pela pista no último dia 23 de abril; a tradicional corrida foi atípica, e como já é uma tradição vários carros de escuderias de todas as partes do mundo marcaram presença, mantendo o alto nível desta prova de longa duração.
Mas nesta corrida algo raro aconteceu. Um carro que não fazia parte da categoria I (a que possui os carros mais rápidos, protótipos com motor acima de 2001cc) venceu a prova, o que não é comum nas corridas de Endurance.
O protótipo OCR com motor VW 2.0 atmosférico, pilotado pelos paranaenses Fábio Machado, Paulo Varassin e Lorenzo Varassin, todos campeões de 2003 da Brascar, convidados pelo proprietário da OCR, acabaram vencendo na Categoria III (de protótipos até 2000cc), e na Geral com o tempo de prova de 7h02min24s492.
Dois Omegas que disputavam na categoria II (Turismo acima de 2001cc) completaram o pódio, ambos originários da antiga Stock-Car. O Omega de número 15, pilotado por Belmiro Junior, Nélio Weiss (de São Paulo) e Matt Janssen (dos EUA) ficou na segunda colocação geral e foi o vencedor na categoria II, já o Omega #26, guiado por Beto e Bob Nogueira (de São Paulo), ficou na terceira colocação geral e na segunda colocação na categoria II.
Na categoria IA, a disputa deveria ser entre o Audi TT-R DTM, pilotado por Guto Negrão e Giuliano Losacco, que fizeram o segundo melhor tempo na classificação oficial e o protótipo "pole-position" ZF-01, pilotado por Paulo Bonifácio e Felipe Giaffone. Quer dizer, a rivalidade deveria acontecer, mas após apenas cinco voltas o ZF abandonou a prova, parando na pista por causa da quebra do seu motor Chevrolet 350 V8, mesmo depois de rebocado aos boxes não retornou mais à pista. Uma surpresa, já que o carro foi muito bem acertado pela equipe e prometia um bom resultado.
O Audi também não atendeu as expectativas, sofrendo com a quebra do alternador, fazendo com que o carro perdesse muito tempo nos boxes enquanto a equipe tentava, em vão, sanar o problema, mesmo assim o Audi completou a prova, não com o mesmo êxito da edição anterior, porém sendo o primeiro colocado em sua categoria.
Outra decepção foi a Ferrari 550 Maranello vinda da Itália especialmente para a prova, sendo a primeira participação da marca num Endurance nacional. Competiu na categoria IB, que, aliás, é o único veículo desta categoria no campeonato, mas alguns problemas inicialmente ocorreram com o câmbio durante a troca de pilotos, felizmente solucionado pela equipe, mas quando tudo parecia bem, novos problemas, agora com a bomba d'água causaram o abandono da prova por falta de peça sobressalente, e também depois foi comentado com os pilotos que havia um sensor da injeção que não estava regulado para a altitude do Distrito Federal, causando assim perda de rendimento.
A III teve muitos carros inscritos, nessa categoria havia quatro tipos diferentes de chassis e três tipos de motores competindo. Os dois primeiros colocados da categoria, o OCR e o Aldee Spyder número 25 usaram o motor AP 2.0, enquanto os protótipos ANR, JKLM-01, Scorpius e DC-01 terminaram em 3º, o 4º, o 6º e o 7º colocado respectivamente, todos com motores GM 2.0 16v, e nenhum deles recebeu a bandeira quadriculada. O quinto colocado, que também abandonou a prova, foi um Scorpius com motor Honda Mugen 2.0 16v, mas por problemas na transmissão.
Na categoria IV predominaram carros GM, Corsa e Celta em sua maioria, também havia um Fiat Uno que participou da categoria, mas bateu forte e abandonou a prova.
O campeão da categoria foi o Gol (Tomahawk), pilotado por Carlos Dantas e Amadeu Rodrigues, ficando em 4º colocado Geral, mesmo sendo surpreendido na 4ª volta por dois pneus furados, que dificultaram também a chegada aos boxes da equipe, conforme disse Carlos Dantas:
“Não sabemos o que aconteceu, porque estávamos com pneus novos e eles simplesmente furaram, o que quase provoca um acidente. Foi muito difícil trazer para os boxes e ainda perdemos quatro voltas até retornar à pista”.
Além disso, quando estava em 3º no Geral, a quinta marcha quebrou, e a falta dela acabou causando a perda de uma colocação, mas mesmo assim foi possível chegar em quarto lugar no geral.
“Foi uma corrida muito cansativa, mas foi uma das melhores que já fizemos. Começamos com problema, recuperamos o tempo perdido com muita disposição e quase ficamos a pé no final. Acertamos mais um alvo e vamos a busca desse bicampeonato. A briga será boa e está apenas começando”. (Carlos Dantas)
Outro carro da categoria que abandonou a prova foi um Renault Clio Cup Car 2.0 16V vindo da Itália, durante um pega interessante entre o Clio e o Gol Tomahawk que tentava alcançá-lo pela perda de tempo com os pneus, mas a quebra da junta homocinética acabou causando a retirada do renault da prova.
Em segundo e terceiro ficou, o Corsa 1.6 8v e o BMW série 3 Cupê 1.8 16v, os únicos carros da categoria IV além do Gol, a completarem a corrida.
O pódio ficou com a seguinte relação:
- Categoria IA - Audi TT DTM - Guto Negrão (SP) e Giuliano Losacco (SP);
- Categoria IB - Ferrari 550 Maranello - Lucas Molo (RJ) e Nelson Silva Jr. (RJ);
- Categoria II - Chevrolet Omega Stock-car - Belmiro Júnior (SP), Nélio Weiss (SP) e Matt Janssen (EUA);
- Categoria III - OCR VW - Fábio Machado (PR), Paulo Varassim (PR) e Lorenzo Varassim (PR);
- Categoria IV - VW Gol - Carlos Dantas (SP) e Amadeu Rodrigues (SP);
A corrida foi um belo espetáculo em comemoração aos 45 anos de Brasília, apesar de não ter entrado noite adentro e ser assombrada por constantes quebras dos carros inscritos, sua atipicidade conferiu à prova um bem-vindo elemento surpresa, pois, dos treinos livres à última volta não foi possível saber quem ganharia.
Venceu prova quem administrou melhor tempo, poupando equipamento, andando rápido e sendo consistente, e também pudemos comprovar o ditado que diz que às vezes mais é menos!
Fotos
da Corrida