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Tuning

Texto: Ignacio Montanha / Felipe Bitu
Colaboração: Daniel Erwin Schmidt

Data: 24 de Maio de 2004

De um tempo para cá nosso mercado foi atingido por uma nova onda comercial que começou com o filme “Velozes e Furiosos”. Tomadas de cena mostrando caixas de câmbio com infinitas marchas, onde são feitas 7 mudanças depois que o piloto já está a mais de 120 Km/h (Sim ! Ré também anda pra frente !)...É sempre bom lembrar que caixas de câmbio automáticas são favoritas na terra do "Tio Sam", muitos motoristas simplesmente não sabem dirigir um carro com transmissão manual. 

Resultado: o coitado que lembra da Mercury Colony Park V8 de sua mãe, com alavanca de câmbio na coluna de direção, fica impressionado com a velocidade das trocas de marcha - coisa que aqui no Brasil chega a ser monótona para nós que convivemos com câmbios manuais desde que nos conhecemos por gente.

Acidentes fenomenais em que uma capotagem a mais de 150 Km/h tem como conseqüências um carro completamente destruído e um motorista que sai andando com algumas simples escoriações, tudo isso faz parte do roteiro.

O sucesso do filme "Velozes e Furiosos" e "Mais Velozes, Mais Furiosos" é indiscutível, houve um aumento expressivo na demanda de acessórios estéticos, o que é maravilhoso do ponto de vista comercial, pois cria uma indústria que movimenta e aquece a economia do setor. Só que que infelizmente muitos destes acessórios foram erroneamente chamados de "Tuning", quando na verdade são meros detalhes estilísticos. A título de curiosidade, o "Tuning" como é conhecido no Brasil, é chamado nos EUA de “Fixed-up”, uma simples modificação estética no veículo original, ao passo que “Tuned-Up” é o veículo que sofre melhorias para que tenha uma performance melhor do que a original.

Alertamos a todos que respeitamos os gostos e estilos de todos os adeptos, mas o intuito do texto é informar mais sobre a realidade nacional e sobre o que é e onde onde surgiu o TUNING.

 

Após o sucesso desse filme no Brasil, surgiram muitas lojas de acessórios aproveitando a demanda daqueles que conheceram e passaram a admirar o “Asian look” ou “Ricer look” (expressão pejorativa) através da TV. Também surgiram diversos fabricantes de spoilers e aerofólios, revistas tuning, campeonatos de tuning onde participam até carros sem molas (uma verdadeira blasfêmia contra o real significado do tuning), clubes de tuning e uma infinidade de gambiarras relacionadas erroneamente a essas modificações estilísticas, que são preferência nos Tigres Asiáticos e também nos EUA.

Lamentavelmente a situação atual do Brasil é a de que o poder aquisitivo dos cidadãos que aqui vivem é muito inferior á dos ianques, logo, não é estranho ver pelas ruas veículos populares com motor 1.0, equipados com abafadores esportivos e seus indispensáveis spoilers desproporcionais, chegando a extremos de rodar com calotas de aro maior além do indispensável adesivo "TUNING", onde na verdade deveria ser usada a expressão "Styling".

Infelizmente, a palavra “tuning” se tornou maldita, virou um sinônimo para toda e qualquer modificação, seja ela estética (Fix-up) ou na mecânica do veículo (o Tuning real). No final das contas o que mais assusta é que uma palavra que durante toda a sua existência esteve ligada a performance, em um curto período de tempo tem seu significado alterado, e agora é ligada as modificações estéticas (o já falado "Fixed-Up" ou "Styling" na Europa).

 

Tuning

 

O Tuning existe desde que o automóvel surgiu, pois sempre existiram pessoas insatisfeitas com a performance e dirigibilidade de seus veículos originais, do mais singelo Fusquinha á mais poderosa das Ferraris.  

Eram preparados para a participação em ralis, como as famosas subidas de montanhas européias, ou então as corridas de longa duração que passavam por vários países do velho continente, usando as próprias estradas, enfim, para qualquer tipo de competições que ainda são muito populares por lá. Foi na década de 50/60 que surgiu um apelido para os mecânicos preparadores alemães, que ficaram conhecidos como “tuners” que traduzindo ao pé da letra significa “afinadores”.

Muitos destes profissionais se formaram nas equipes oficiais das fábricas (Hans Dählback é um ótimo exemplo), adquirindo muito conhecimento, técnica e eficiência na exploração do conjunto propulsor e chassis, ficando em pouco tempo famoso em toda a Europa.

Exemplos não faltam: a Okrasa (atual Oettinger) fabricava kits para o VW Sedan, elevando a potência de 30 para 60 HPs; ABT se destacou na linha VAG; Alpina e AC Schnitzer fizeram fama com suas BMWs; a Brabus, AMG e Carlsson se destacaram modificando Mercedes e inúmeras outras que surgiram nesse período. 

Algumas delas tinham um grau de precisão e qualidade tão bons que chegaram a ser absorvidas pela própria empresa que lhe deu origem, como é o caso da AMG, que nasceu independente e hoje se tornou uma divisão da própria Mercedes-Benz. Muitas mantém uma parceria com os próprios fabricantes, o que permite apresentar a preparação de veículos recém lançados antes das outras empresas, como acontece com a ABT (VW, Audi, Seat, Skoda), Alpina e AC Schnitzer (BMW) e Brabus (Mercedes-Benz).

 

 

O aperfeiçoamento não se resume aos motores e chassis, também existem os apêndices aerodinâmicos, com eficiência comprovada nas pistas e em teste de túnel de vento, representando uma vantagem em eficiência aerodinâmica, seja para diminuir o arrasto aerodinâmico, melhorando o consumo e velocidade final, ou para aumentar a sustentação negativa em altas velocidades, beneficiando o controle direcional.

Na maioria dos casos, há também uma melhora no visual, mesmo que sua aparência muitas vezes esteja submissa ao cumprimento da função, ficando claramente em segundo plano. Todos os acessórios dessas empresas, equipamentos para motores, transmissão, suspensão, freios, rodas, spoilers, enfim, todos eles são homologados por um órgão de segurança (TÜV), garantindo a qualidade, resistência dos mesmos e permitindo sua utilização nas ruas..

 

Alguns exemplos do que é tuning, preparação, veneno :

-         Discos de freio maiores

-         Pinças de freio maiores, com 4 a 8 pistões

-         Pastilhas de freio de material mais macio

-         Amortecedores com maior carga

-         Molas especiais com geometria específica

-         Barras de amarração (para o chassi/monobloco)

-         Barras estabilizadoras (para as suspensões)

-         Santo-antonio, estrutural ou para proteção

-         Painéis exteriores e portas de material sintético, mais leves

-         Caixas de transmissão reescalonadas com engrenagens mais resistentes

-         Turbocompressor

-         Compressor mecânico (também conhecido como blower ou supercharger)

-         Comandos de válvulas com duração, cruzamento, levante e lobe center específicos

-         Coletor de escape dimensionado

-         Filtro de ar de menor restrição

-         Cabeçote e trem de válvulas trabalhados em banco de fluxo

-         Balanceamento estático e dinâmico das peças móveis

-         E outras modificações mais específicas

 

 

 Audi TT   Audi TT - Aerofólio Original  Audi TT - Aerofólio ABT
 
    
   
   

 

As pistas de corrida ainda são o maior laboratório de pesquisas: AC-Schnitzer, ABT e Oettinger continuam a participar do DTM (Deutsche Tourenwagen Masters), nos levando a concluir que a definição de tuning tem por filosofia a experiência adquirida nas pistas e passada para as ruas através do mercado. As estradas sem limite de velocidade (autobahnen) serão sempre um ótimo ambiente de testes, pois torna possível rodar em altas velocidades durante longos períodos, testando a resistência, controle, arrefecimento, "fading", e todas as outras variáveis, para se garantir um produto confiável, de qualidade e com altas prestações.

 

 VW Passat V6 Biturbo 4Motion - Oettinger


 Audi RS2 - Preparado pela Dahlback Racing

Na década de 80 algumas empresas alemãs já haviam se instalado nos EUA, ao mesmo tempo em que surgiam empresas nativas que se dedicavam a preparação também dos veículos alemães, como a Callaway (notória pela preparação de qualquer carro que tenha um bom potencial de performance), Neuspeed (VW/Audi/Honda), Dinan (BMW), que naturalmente não ofereciam uma linha de produtos no mesmo nível do mercado Europeu, mas se beneficiam pelo preço mais baixo. Alguns deles, como o próprio fundador da Neuspeed, Bill Neumann, foi passar uma férias com os alemães da Oettinger em busca de novas idéias.

 



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