O Motor 1.0 16v Turbo

 

  Por: Alexandre Rafael Ziebert 
 Data: 03/11/2000

Com o lançamento do Gol e Parati 1.0 16v Turbo, realmente a Volkswagen fez uma jogada de mestre. Um cheque mate na concorrência!

Este segmento dos veículos de até 1.000 cm3 sempre mereceu por parte da Volkswagen, uma atenção especial. Não podemos esquecer que o primeiro grande impacto nesse segmento de mercado foi justamente o lançamento pela Volkswagen do motor de 16 válvulas.

Mas agora ela resolveu arrasar de vez. Aproveitando a menor taxação de impostos de veículos de até mil cilindradas, desenvolveu um incrível motor turbo que de tão desenvolvido tem desempenho maior que o AP 2.0. E não é só por ter 112 cavalos que ele é "o motor mais moderno do país". Tudo foi muito bem planejado. É algo próximo da perfeição. Bom preço, ótimo consumo e principalmente um prazer ao dirigir.

Já li muito sobre o motor 1.0 16v Turbo da Volkswagen... Revistas, jornais, televisão, Internet e tal. Mas constatei que na maioria das vezes o texto das matérias é feito por alguém atrás de um monitor que nem sequer viu o carro ou o motor a menos de 10 metros de distância...

Vale lembrar que carro 1.0 hoje não é sinônimo de popular. Muito menos o turbo.
É uma versão como qualquer outra, mas aproveita o menor imposto baseado na cilindrada até 1000 cm3.
Mil popular hoje só o Celta, GOL Special, Uno, Palio Young. E claro que os preços de carro no Brasil nunca foram populares!

Mas é revoltante a quantidade de asneiras que ouvimos sobre esse assunto, e pior é que falam de alguma característica do carro de modo que "se não tivesse isso o motor iria explodir"...

Primeiro vem a Revista 4 Rodas como sempre falando absurdos. Sobre o segundo sensor de detonação, dizendo que se ele não existisse o motor explodiria... Óbvio que não é dessa maneira.

O segundo sensor serve para dar mais precisão no monitoramento dos ruídos, pois como temos dois, cada um fica responsável por um bloco de dois cilindros, sendo o sensor G61, que é o primeiro, para os cilindros 1 e 2 e o G66 para o bloco de cilindros 3 e 4.

Esse motor tem o ponto de ignição bem avançado, no tempo de compressão. O combustível é injetado pouquíssimos milisegundos antes do fechamento das válvulas de admissão.
Os sensores de detonação servem para monitorar se há detonação espontânea, ou pré-ignição (batida de pino). Caso ocorra uma detonação, a unidade Motronic reduz um pouco o ponto de ignição daquele cilindro que detonou, até a pré-ignição cessar, voltando a corrigir o ponto logo em seguida.

Vale lembrar que esta unidade de injeção e ignição Bosch Motronic 3.8.3 (que é uma evolução da unidade do já lendário motor 1.8 20v Turbo utilizado no Audi A3/S3, A4, A6, TT, VW Golf, Bora, Beetle, Passat, Seat Ibiza/Cordoba Cupra, Léon, Toledo e Skoda Octavia) monitora e gerencia cada um dos cilindros do motor como se fossem 4 motores individuais de um cilindro. Ela processa tudo no carro, desde a quantidade exata de combustível injetado de acordo com a massa de ar admitida, até a correção de marcha-lenta, variação do comando de válvulas, pressão de turbo, qualidade da mistura e várias outras coisas!

A injeção é Multiponto seqüencial desde a partida, com ajuda do sensor de posição do virabrequim e do sensor de fase do comando, a unidade sabe em que posição os cilindros estão, qual está admitindo, comprimindo, expandindo ou expelindo. Assim ela manda combustível no cilindro exato, sem desperdício (melhor queima, menos consumo e menores emissões).

Construtivamente falando, do motor 1.0 16 válvulas original não sobrou quase nada.
Os novos pistões são forjados (ao invés de fundidos) e tem a lateral com uma camada de grafite para diminuir o atrito, o ruído e aumentar a sua vida útil. Ele também recebeu jatos de óleo para refrigerar os pistões durante o movimento descendente, o que possibilita aumentar a taxa de compressão e um ponto ignição mais avançado (chega a 42 graus APMS), sem risco de detonação.
As válvulas de admissão são feitas de uma liga de aço mais resistente e de menor atrito. As de escapamento (suportam temperaturas de até 1.100°C) tem sódio líquido na parte interna de sua haste, que permite dissipar mais rapidamente o calor fazendo cair em 150° Celsius, a temperatura de seu funcionamento. Todas as válvulas receberam um novo tratamento superficial (Stelite) para resistir melhor ao desgaste e suas sedes são produzidas com um novo tipo de aço sinterizado. O bloco também foi reforçado.
Um transformador duplo (gerenciado pela unidade central), substitui o distribuidor, portanto a ignição é estática. O bloco recebeu também um trocador de calor para o óleo do motor. O volante é maior (de mais massa), a embreagem também foi reforçada, as relações de marcha da transmissão foram alteradas, sendo a 4ª e a 5ª alongadas. A coroa e o pinhão são de materiais mais resistentes (cromo níquel molibdênio), materiais esses também utilizados nos veículos com motorização 2.0 litros.

O Comando de admissão é variável com sistema VVT - Variable Valve Timing - que atua avançando em 26 graus o tempo de abertura das válvulas de admissão em relação ao virabrequim. Esse sistema permite que a unidade central altere o momento de abertura e fechamento das válvulas de admissão, conforme a condição de rotação e carga do motor. Na prática quando se acelera, o comando avança para dar mais torque nas baixas rotações e depois de 4000 rpm retorna para favorecer o regime de maior potência.

O turbocompressor modelo G12, foi desenvolvido em conjunto com a Garret/Allied Signal. Em funcionamento normal produz uma pressão de 0,4 bar. Podendo chegar a 1,2 bar. Como tem dimensões pequenas, ganha giro rapidamente (rotação máxima em torno dos 245.000 rpm). A pressão de 0,4 bar é limitada pela válvula Waste Gate (conhecida como válvula de alívio) que funciona desviando o excesso dos gases de escapamento através de um By-Pass, dessa forma regulando a rotação máxima do turbo e conseqüentemente a pressão na admissão. Mas o sistema pode ganhar mais pressão, caso a unidade central assim o deseje. Para isso existe um válvula (N75) localizada entre o coletor de admissão e a Waste Gate. Através da modulação no chaveamento desta válvula, a unidade "engana" a Waste Gate, desviando parte do ar que chegaria a ela e com isso retardando sua abertura, o que permite o aumento da pressão na admissão para até 1,2 bar.

A durabilidade do conjunto todo está garantida pela estratégia de emergência da unidade. Se acontecer de ocorrer alguma irregularidade no sistema (como a tentativa de regular a haste da Waste Gate com o objetivo de aumentar a pressão máxima do turbo) a unidade detecta isto e entende como um defeito. Assim ela entra na estratégia de emergência chamada de Go Home (volta para casa). Ela então limita a pressão do turbo a 0,4 bar (através da N75) e atrasa o ponto de ignição em 15 graus nos quatro cilindros. O que conseqüentemente reduz a potência do motor, porém nunca permite danos ao motor. Assim o condutor pode conduzir o veículo para uma Concessionária sem ficar a pé na rua.

O motor ainda tem outras boas características, como baixas emissões, baixo nível de ruídos e desempenho melhor que muito carro 1.8 ou 2.0. E o consumo é, de acordo com a fábrica, de 11,5 km/l na cidade e de 16,5 km/l na estrada. Na prática faz um pouco mais de 10 km/l na cidade e uns 15 km/l na estrada.

Quanto ao carro, tanto GOL quanto PARATI receberam a plataforma das versões 2.0.
Isso inclui o sistema de direção (sempre com assistência hidráulica), suspensão (ganhou barra estabilizadora de 18 mm na frente), freios (discos ventilados de 256 mm na frente e tambores de 200 mm atrás). O cilindro- mestre e o servofreio aumentaram de 20,6 mm para 22,2 mm e de 8 para 9 polegadas, respectivamente em relação ao 1.0 16v aspirado. Também a parte elétrica, de maior capacidade, é dos 2.0 e o painel tem indicação para 220 Km/h.

Os carros se diferenciam dos outros por características próprias, como os faróis com lentes de policarbonato com duplo refletor de superfície complexa e efeito máscara negra, faróis de neblina no pára-choques e luz de neblina traseira, retrovisores laterais na cor da carroceria, grade frontal em preto fosco, saia dianteira com entrada de ar (também para resfriar intercooler), saia traseira com abertura para escapamento, ponteira de escapamento oval, antena eletrônica no teto, vidros verdes escuros, desembaçador e lavador traseiro, interior com cores combinando preto e cinza titanium (painel, bancos, portas, cintos de segurança, coifa da alavanca de marchas e carpetes), banco do motorista com regulagem milimétrica de altura e distância longitudinal. As rodas são de aro 14" com desenho exclusivo e pneus 185/60 de código de velocidade H para até 210km/h. E o spoiler na parte superior da tampa do porta-malas no GOL e bagageiro de série na PARATI. A VW já está desenvolvendo um spoiler também para a PARATI.
 

GOL 1.0 16V TURBO PARATI 1.0 16V TURBO
2 / 4 portas

5 lugares

Peso: 996 / 1016 Kg
Comprimento: 3883 mm
Largura: 1621 mm
Altura: 1415 mm
Distância entre eixos: 2468 mm

Porta-malas: 296 litros

4 portas

5 lugares

Peso: 1061 Kg
Comprimento: 4131 mm
Largura: 1621 mm
Altura: 1455 mm
Distância entre eixos: 2468 mm

Porta-malas: 437 mm

Ficha Técnica:

4 cilindros em linha, 16 válvulas, turbo intercooler 999 cm³ Potência: 112 cv (82 kW) a 5.500 rpm
Torque: 15,8 kgfm (155 Nm) de 2.000 a 4.500 rpm Taxa de compressão: 8,5:1 
Coeficiente de penetração aerodinâmico (cx): 0,34 Tração dianteira, 5 marchas
Consumo urbano: 11,5 km/l (GOL) Consumo rodoviário: 16,5 km/l (GOL 2p)
0-100 km/h em 9,5 segundos Velocidade máxima: 192 km/h

Para maiores informações por favor me mande um e-mail para: volkspage@zipmail.com.br